Se eu te falar que apenas uma parte do seu corpo custa mais que uma Ferrari, você acreditaria? Quanto Vale um Rim?
Se alguém dissesse que há um órgão do corpo humano que pode custar mais do que uma Ferrari, você acreditaria?
Pois é — esse órgão existe, e você tem dois dele.
O rim se tornou o artigo mais disputado da medicina moderna.
Enquanto milhares de pessoas aguardam anos por um transplante legal, outros atravessam fronteiras, e até a moral, em busca de um novo par de rins.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 10% dos transplantes de órgãos no mundo envolvem alguma forma de comércio ilegal. E adivinha qual lidera a lista? O rim.
A pergunta que não quer calar é: por que um pedaço do corpo humano se tornou um bem tão valioso?
O rim: o órgão mais concorrido do planeta, tanto pelo mercado negro ou legalmente por meio de doações
A resposta começa na escassez.
O número de pessoas que precisam de um transplante é muito maior do que o número de doadores.
Nos Estados Unidos, a espera média por um rim é de três a cinco anos.
No Brasil, o tempo pode ultrapassar cinco anos e, em alguns estados, ultrapassar uma década.
Já no Reino Unido, a média fica entre dois e três anos.
Esses números explicam por que a fila da vida é uma das mais lentas do mundo.
Um órgão que, em tese, temos de sobra, afinal, nascemos com dois — virou uma esperança rara.
E, quando algo é raro e essencial à sobrevivência, o mercado encontra um preço.
Quanto vale um rim?
A pergunta é quase tabu, mas a resposta é o que desperta a curiosidade.
De acordo com investigações da Interpol e de relatórios do Global Observatory on Donation and Transplantation, um rim pode valer entre US$ 50 mil e US$ 400 mil, dependendo de onde, como e para quem é vendido.
No mercado negro internacional, intermediários costumam pagar menos de US$ 10 mil ao doador, enquanto a cirurgia e o órgão chegam a custar dez vezes mais ao receptor.
Na prática, o lucro fica nas mãos de quem explora o desespero.
Mas há um país onde o comércio de rins é permitido e regulamentado por lei, e ele se chama Irã.
O único país do mundo onde vender um rim é legal
Desde 1988, o Irã mantém um sistema oficial de doação remunerada de rins.
O governo supervisiona as transações, e o pagamento é feito diretamente entre doador e receptor, com subsídio estatal e acompanhamento médico.
Na teoria, a prática reduziu drasticamente a fila de espera.
Hoje, o Irã é o único país onde não existe lista de espera para transplante renal.
Mas o modelo é controverso.
Os valores pagos giram em torno de US$ 2 mil a US$ 5 mil, e críticos afirmam que o sistema cria incentivos econômicos perigosos, atraindo pessoas em vulnerabilidade financeira.
Ainda assim, o Irã argumenta que a legalização reduziu o mercado negro e salvou vidas que, em outros países, morreriam na fila.

O mercado negro dos órgãos: a face oculta da medicina
Fora do Irã, o comércio de órgãos é ilegal em praticamente todo o mundo.
Mas a ilegalidade nunca impediu o mercado de florescer, apenas o empurrou para a sombra.
De acordo com a OMS, há mais de 10 mil transplantes ilegais de rim por ano.
O “turismo de órgãos” ocorre principalmente entre Ásia, África e Leste Europeu, onde intermediários conectam doadores pobres a pacientes ricos que viajam com identidades falsas e médicos cúmplices.
Casos documentados na Índia, Filipinas, Paquistão e Kosovo mostram pessoas vendendo seus rins por menos de US$ 5 mil, muitas vezes sob promessas enganosas e sem acompanhamento médico.
Enquanto isso, clínicas clandestinas faturam centenas de milhares de dólares por cirurgia, um negócio lucrativo que se alimenta da desigualdade global. Quanto vale um rim?
Por que o resto do mundo proíbe a venda de órgãos
A proibição mundial não é por falta de demanda, e sim por medo do que o dinheiro faz com a ética.
Se vender um órgão se tornasse legal em larga escala, o risco seria transformar a pobreza em fonte de peças de reposição.
Os críticos afirmam que permitir a venda criaria uma sociedade onde os ricos compram tempo e os pobres vendem partes de si mesmos.
Em vez disso, a maioria dos países aposta em campanhas de doação voluntária, bancos de órgãos e tecnologias como diálise avançada e órgãos artificiais, tentando equilibrar ciência e moralidade.
O dilema: entre a sobrevivência e o valor da vida
A história dos rins mostra algo maior do que economia: revela o quanto a vida humana foi precificada.
Um órgão que simboliza saúde virou moeda.
E a fila, que deveria ser de esperança, muitas vezes se transforma em desespero.
No fim, o verdadeiro dilema é este:
até que ponto é ético colocar preço no que nos mantém vivos?
Por fim, Quanto vale um rim? uma ferrari ou uma vida.
O rim continua sendo o órgão mais concorrido do mundo, tanto nos hospitais quanto nas sombras.
Enquanto uns esperam anos por um doador compatível, outros arriscam tudo por um atalho.
A ciência tenta salvar vidas; o mercado tenta lucrar com elas.
E entre a esperança e o desespero, permanece a mesma pergunta: quanto vale um rim?
quanto vale um ser humano?
Sobre o autor
Eu sou Robério Lima, colunista do Analicts.
Escrevo sobre as contradições do mundo moderno, o ponto onde o dinheiro compra tudo, menos o tempo.
Entre a ética e o mercado, procuro entender o que ainda nos torna humanos.
Perguntas frequentes (FAQ)
Quanto vale um rim?
No mercado negro, os preços variam entre US$ 50 mil e US$ 400 mil, dependendo do país e das condições. No Irã, onde é legal, o valor médio fica entre US$ 2 mil e US$ 5 mil.
Por que o Irã é o único país que permite a venda?
Porque o governo regula o processo e argumenta que isso elimina filas de espera e o mercado ilegal. Apesar das críticas, o modelo é estudado por outros países.
Quanto tempo demora para conseguir um transplante de rim?
Nos Estados Unidos e no Brasil, o tempo de espera pode ultrapassar 5 anos. Em países com doação voluntária baixa, pode chegar a 10.
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