O futebol que acontece longe das câmeras, nos bastidores da CBF
Há um futebol que o torcedor não assiste.
Ele não está no campo, nem nas estatísticas.
Está nas salas climatizadas da CBF, onde dirigentes e comissões técnicas travam partidas de bastidor com o mesmo sangue nos olhos que os jogadores mostram no gramado.
Quando a entidade anuncia “critérios técnicos sigilosos” para definir o árbitro de Flamengo x Palmeiras, não é apenas uma nota burocrática. É um movimento de poder. E todo movimento de poder no futebol brasileiro tem dono, torcida e consequência.
O silêncio que grita: a CBF fala pouco, mas diz muito
A palavra “sigiloso” numa instituição pública do futebol soa quase como provocação.
Se a arbitragem fosse um produto, o torcedor seria o cliente enganado: paga ingresso, mas não pode ver o manual de qualidade.
É claro que o discurso oficial é bonito “avaliação técnica dos últimos 90 dias”, “mérito”, “estatísticas internas”.
Mas pergunte a qualquer dirigente ou ex-árbitro se eles já viram esse ranking.
A resposta é o mesmo silêncio que ecoa desde os tempos do fax e do telefone fixo.
A transparência da CBF continua sendo um gol contra em câmera lenta.

Fla e Palmeiras: dois gigantes, duas narrativas
Nenhum clássico desperta tanta paranoia quanto Flamengo x Palmeiras.
E digo isso sem medo: os dois clubes têm razão e exagero na mesma medida.
O lado rubro-negro
O Flamengo se sente perseguido pela comissão de arbitragem.
Relembra expulsões, pênaltis ignorados e o que chama de “critérios elásticos” ora vale, ora não vale.
Nos bastidores, o vice-presidente Bap tem repetido que “futebol profissional precisa de avaliação profissional”.
Traduzindo: o clube quer critérios públicos e responsabilização.
O lado alviverde
O Palmeiras responde com ironia: “quando não ganha, o outro lado grita”.
Para os paulistas, há uma campanha de pressão midiática que tenta condicionar o apito.
E, convenhamos, eles também têm memória seletiva: esquecem quando o VAR os favoreceu lembram quando os prejudica.
É o eterno jogo da narrativa, e a CBF, no meio, virou o árbitro de uma partida que nunca termina.

A política do apito
Aqui está o ponto que poucos têm coragem de dizer:
arbitragem no Brasil é política, não técnica.
Cada erro grave muda o humor de dirigentes, interfere em votações internas e, no fundo, serve de munição para disputas muito maiores – as de poder dentro da CBF.
O torcedor acha que é sobre pênalti, mas é sobre influência.
É sobre quem fala com quem, quem tem assento em qual comissão, quem financia determinado projeto de arbitragem.
Enquanto o campo esquenta, os gabinetes esfriam.
E, nesse ambiente, a palavra “mérito” vira moeda de troca.

Árbitro estrangeiro: solução ou confissão de falência?
Quando Eric Faria sugeriu árbitros estrangeiros para clássicos como este, a internet pegou fogo.
Parte aplaudiu, parte chamou de loucura.
Eu, sinceramente, vejo isso como um grito de desespero elegante.
Trazer juiz de fora não resolve a cultura da desconfiança.
Pode até aliviar uma rodada, mas não cura o sistema.
Enquanto não houver gestão transparente e profissional, o problema continuará sendo nosso — e feito em casa.
O torcedor no meio do tiroteio
Quem ama futebol está exausto.
Cansado de ver dirigentes culpando árbitros, árbitros culpando o VAR e o VAR culpando o “protocolo”.
Enquanto isso, o torcedor tenta entender o que acontece, mas o jogo já virou novela.
No fim, o apito apita, a CBF promete mudanças, os clubes reclamam, e nós, jornalistas e torcedores, voltamos à estaca zero.
É a mesma reprise, só muda o uniforme.
O que falta? A coragem de abrir a caixa-preta
Transparência não é modismo, é sobrevivência.
A CBF precisa abrir seus relatórios, publicar rankings, assumir erros e, principalmente, entender que o torcedor não é inimigo é o motivo de existir.
Enquanto a entidade tratar informação como segredo de Estado, continuará sendo refém da própria desconfiança.
E se a CBF realmente quer modernizar o futebol brasileiro, pode começar abrindo o placar da verdade: mostrar números, critérios e avaliações.
A tecnologia já está aí falta vontade.
A bola continua rolando, mas o jogo real está em outro campo
Quando o árbitro apitar Flamengo x Palmeiras, milhões estarão de olho em cada gesto, cada cartão e cada replay congelado.
Mas o verdadeiro clássico continuará acontecendo nos bastidores, onde ninguém marca impedimento nem pênalti.
E enquanto não houver transparência, o torcedor seguirá desconfiando —
não do jogador que erra, mas do sistema que se recusa a explicar.
O futebol brasileiro não precisa de um novo apito.
Precisa de honestidade com microfone aberto.
Apresentação do autor
Eu sou Robério Lima, colunista do portal Analicts.
Escrevo porque acredito que o futebol é muito maior do que o placar é um espelho da forma como conduzimos nossas instituições, nossas paixões e nossas contradições.
Aqui, minha opinião é sempre sincera, fundamentada e livre de rótulos.
Falo com o torcedor comum, com o dirigente atento e com quem acredita que o futebol pode e deve ser melhor do que os bastidores que o cercam.
FAQ – Perguntas Frequentes
1. Por que a CBF não divulga os critérios de arbitragem?
A entidade alega que usa um ranking técnico interno, mas não publica detalhes, o que gera críticas por falta de transparência.
2. Flamengo e Palmeiras têm influência política na CBF?
Ambos participam de blocos de poder e tentam ampliar sua voz nas decisões o que torna cada erro de arbitragem um assunto político.
3. Árbitros estrangeiros podem apitar o Brasileirão?
Podem, mas apenas com autorização especial da CBF e da FIFA. É uma medida rara e polêmica.
4. O que o torcedor pode esperar do próximo Fla x Palmeiras?
Um espetáculo de futebol dentro e fora de campo — e, se nada mudar, mais uma rodada de desconfiança sobre o apito.
Robério Lima – Analicts React Futebol – Opnião
Publicação: Outubro de 2025
Descubra mais sobre Analicts Tendências
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.